O Brasil já teve dois fabricantes de carros nacionais; um tentou comprar o outro, mas ambos fecharam

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A IBAP, que fabricaria o Democrata (esq.), tentou comprar a FNM, que fazia o JK, em 1968 (Foto: Acervo MIAU Museu da Imprensa Automotiva)   Muita gente se lamenta por não existir hoje em dia uma grande montadora de automóveis de capital nacional, já que todas que atuam no País, à exceção da Agrale, têm origem estrangeira. Não são poucos os que acreditam que esta seria uma forma de contarmos com uma indústria mais competitiva que trouxesse melhores preços ao consumidor. Uma passagem desconhecida da nossa história automotiva, do fim dos anos 60, mostra que não só tínhamos naquela época duas montadoras nacionais como uma fez uma oferta para comprar a outra. O alvo da compra era a conhecida FNM, a Fábrica Nacional de Motores , instalada em Xerém, RJ, que produzia caminhões e automóveis, como o JK, utilizando transferência de tecnologia da italiana Alfa Romeo. O FNM 2000 (ex-JK 2000) 1968, ano em que a montadora foi privatizada (Foto: Acervo MIAU Museu da Imprensa Automotiva)   E a candidata a compradora era a IBAP, Indústria Brasileira de Automóveis Presidente , de São Bernardo do Campo, SP, que preparava o lançamento do modelo Democrata. Porém não se pode negar que de ambos os lados a questão era obscura. A FNM era estatal e o governo militar de então avisara que pretendia privatizar a empresa, no que era apoiado por parte da imprensa: repetindo o que acontece com várias estatais até hoje em dia era comum se dizer que a FNM era ineficiente, cabide de empregos, deficitária etc. Do outro lado a IBAP igualmente não surfava em uma onda das mais positivas. O plano de seu fundador , Nelson Fernandes, de vender cotas associativas financiadas da empresa – espécie de ações da bolsa de valores – para se capitalizar e, assim, fabricar o Democrata, foi apontado por parte da imprensa automotiva como um golpe. Protótipo do IBAP Democrata (Foto: Acervo MIAU Museu da Imprensa Automotiva)   A venda das cotas, inclusive, foi suspensa pelo Banco Central com o argumento de que era necessário investigar a operação – mas Fernandes já havia construído um hospital, que existe até hoje, dentro do mesmo processo. Até mesmo uma CPI na Câmara dos Deputados foi instaurada para averiguar a iniciativa da IBAP. Nada disso impediu Fernandes de, surpreendentemente, em maio de 1968, apresentar ao então ministro da Indústria e Comércio , o General Edmundo de Macedo Soares e Silva, proposta formal de compra da FNM pela IBAP. E o mais incrível: a proposta era superior ao valor pedido pelo governo militar pela FNM, US$ 36 milhões, ou 115 milhões de cruzeiros novos, a moeda da época. A IBAP ofereceu 150 milhões de cruzeiros novos , que seriam pagos em 72 parcelas com um ano de carência. A empresa ainda se comprometia a produzir um automóvel popular legitimamente nacional, um sonho antigo da FNM e recente da IBAP. Jornal da época noticiando a intenção da IBAP de comprar a FNM (Foto: Acervo MIAU Museu da Imprensa Automotiva)   Como garantia a IBAP ofereceu os pagamentos mensais que tinha a receber de 50 mil pessoas que já haviam adquirido seus títulos (por seus próprios cálculos) e sua projeção de chegar a 400 mil títulos vendidos. Os pagamentos mensais dos compradores seriam feitos diretamente no Banco do Brasil, que deles descontaria o valor devido pelos pagamentos pela FNM – ou seja, o dinheiro nem chegaria à IBAP para ser pago depois, o que, em tese, era uma garantia contra um eventual calote da empresa. A oferta, porém, foi negada: o general afirmou que Fernandes não tinha condições técnicas nem financeiras para assegurar o negócio – e certamente os nomes Presidente e Democrata, usados em pleno regime militar, não geravam simpatia nos corredores de Brasília, que já haviam ordenado à FNM tirar o JK, homenagem a Juscelino Kubitschek, do nome do FNM 2000. Assim o controle da FNM acabou passando, logo no mês seguinte, à Alfa Romeo, que, curiosamente, na época também era uma empresa estatal, do governo italiano , ainda que já houvesse então conversas sobre a entrega de seu controle para a Fiat, empresa igualmente italiana porém privada. A Alfa Romeo pagaria pela FNM somente 100 milhões de cruzeiros novos com dois anos de carência, em 60 parcelas. Versão final do Democrata (Foto: Acervo MIAU Museu da Imprensa Automotiva)   E a IBAP, por seu lado, sucumbiu diante de campanha negativa pública , de intervenção do Banco Central e de lote de motores importados apreendido no porto de Santos, além de outras dificuldades. Fechou no fim daquele mesmo 1968 com apenas três protótipos e algumas dezenas de carrocerias produzidas. Seu fundador morreu em janeiro deste 2020. Como seria a história da nossa indústria atual se esse acordo tivesse de fato ocorrido? Nunca saberemos, é verdade. Mas que provavelmente teria sido bem diferente, isso parece inegável. Quer ter acesso a conteúdos exclusivos da Autoesporte? É só clicar aqui para acessar a revista digital. saiba mais COMO A BRASTEMP UNE GENERAL MOTORS, VOLKSWAGEN, CHRYSLER E GURGEL NO BRASIL EXCLUSIVO: COMO ERA O PROTÓTIPO DO FIAT UNO TURBO BRASILEIRO  



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